É sempre muito difícil e contraditório ir na contramão da história, daquilo que todo mundo aparenta ver como correto e necessário. A vida é coberta por percalços… Não se sabe ao certo, enquanto se vive, o motivo de eles existirem. Sabe-se, isso sim, que eles acontecem por algum motivo e têm uma função no nosso existir.
Trazendo esse entendimento para aquilo que fazemos, os percalços são as muitas dificuldades que vivemos quando precisamos gerir algo ou alguém, grandes processos ou organizações. Não saber uma receita para percorrer o caminho certo nos dá a liberdade de pensar as rotas e calcular, da melhor forma possível, todos os riscos e todas as possibilidades.
Gerir certo não é sorte, é percurso planejado, medido, com as novas estratégias pensadas, o tal plano B, que permite mudar a rota e acertar os passos caso nosso primeiro plano dê algum erro. Mas o erro não é falha. Esse é um grande equívoco que se comete – uma falsa leitura da rota. O erro do previsto, ou de parte do previsto, é indicativo de que o saber a respeito daquele ponto, daquele conceito, precisa ser aprimorado, aprofundado, entendido e, principalmente, vivido.
Não se planeja em cima de algo que não se sabe ou que não se viveu. Você não pode inferir ou determinar algo aos seus funcionários com base em suposições, em algo dito por outro que não é da rotina da sua organização. Por melhor que seja o que foi dito, não se pode considerar como verdade sem o mínimo da prática, da vivência. Essa pode ser uma afirmativa muito vã, muito fora dos padrões da administração, mas gerir é crença. Individual. A concepção está composta de crença. A teoria nada mais é do que a crença comprovada cientificamente e escrita adequadamente.
Assim, voltando ao princípio, talvez a sua crença esteja na contramão. Entretanto, estar na contramão não significa estar, necessariamente, no contraditório. Sim, gerir demanda grandes riscos e grandes perdas. Significa, também, grandes certezas e grandes resultados. Estar em uma ou outra posição é uma escolha solitária, não ocorre intencionalmente. Todos nós, obviamente, queremos estar sempre no lado melhor. E por que isso às vezes não ocorre? De novo, vamos ao princípio: como nós nos planejamos?
A linha que nos separa do acerto e do erro tem seu eixo em dois pilares: crença e planejamento.
Importante lembrar que a crença tem seus pressupostos:
• Em que creio quando estou gerindo?
• De onde vem essa forma de crer?
• Quem foram/são meus modelos que influenciaram/influenciam essa minha forma de gerir?
• Quais os princípios teóricos que a alimentam?
Quando suas respostas forem encontradas, você poderá entender as fragilidades do seu planejamento. Não se acanhe em encontrá-las. Ao contrário, persiga-as! Elas serão seus mapas para percorrer o caminho melhor. Não necessariamente o certo, mas o melhor. Não se percorrem boas estradas tomando caminhos diferentes. Se assim fosse, nem sempre se chegaria ao destino. As boas estradas existem quando as rotas são traçadas, estudadas, principalmente se você nunca lá esteve.
Assim como na escolha das rotas para as boas estradas, também ocorre no gerir: alguns caminhos nunca foram percorridos. Não há mapa que indique por onde ir. A sua condição deverá ser baseada na sua crença e no seu planejamento. É um exercício longo, difícil às vezes, exaustivo em outras; mas é o exercício que constituirá sua ação de gerir e formará sua identidade de ação.
A sua rota diz quem é você.