A comunicação empresarial – aqui dando destaque à escola – exige dedicação especial do gestor para que atinja as metas e os objetivos de seu planejamento estratégico. Ao refletir sobre a importância da comunicação nas relações humanas, deparamo-nos com ferramentas que auxiliam na compreensão da interlocução entre emissor e receptor. No exercício da liderança, a comunicação desempenha papel essencial.
Não importa a empresa; em qualquer setor, haverá público interno e público externo. O público interno é formado por colaboradores com perfis e papéis distintos, cujo objetivo comum deve convergir para a concretização do planejamento estratégico da escola. Por isso, é importante que os colaboradores estejam alinhados à missão e à visão institucional, trabalhando em prol de um denominador comum, em que cada um faz parte de uma engrenagem e desempenha função significativa. O filósofo Mario Sergio Cortella traz essa leitura de forma leve ao relatar sua experiência na Secretaria de Educação do Estado de SP, no livro Qual a tua obra?.
Os funcionários querem e precisam saber o que acontece e o que deve ser feito para que os objetivos sejam alcançados. É importante que se sintam parte do processo, que tenham engajamento e motivação para cumprir o propósito na função exercida, seja ao servir um café, seja ao fechar um contrato.
A área de comunicação interna tem papel fundamental, pois é a responsável por transmitir a mensagem pelos canais corporativos da instituição, mostrando com clareza a agenda prioritária para que todos desempenhem suas funções de forma coerente e combinada.
Um dos desafios da comunicação é identificar a melhor forma de dar informação, e isso varia conforme a necessidade de cada escola, de acordo com sua cultura organizacional. Por isso, a necessidade do domínio de técnicas de comunicação envolvendo assuntos rotineiros e de relevância. Logo, é bom considerar a importância da sensibilidade e da empatia para dialogar com pessoas de diferentes setores e com diferentes conhecimentos, seja interna seja externamente.
Ao se falar em comunicação externa, o desafio é ainda maior. Um estudo da Unesco aponta que a pandemia decorrente da Covid-19 já impactou cerca de 80% da população estudantil. A situação atípica trouxe o sentimento de sensação de urgência e de imediatismo para a comunicação. E as escolas não ficaram de fora, em razão de rápidas mudanças que precisaram operar e com as quais tiveram que lidar diariamente.
Diante de tantos desafios, é imprescindível que a escola estabeleça elo entre a rotina pré e pós-pandemia, a fim de manter e/ou estabelecer os alicerces de comunicação relacionados à proposta pedagógica de acordo com a necessidade de flexibilidade.
A comunicação é uma ferramenta estratégica nas instituições, tanto na informação de protocolos, procedimentos, funcionamento, rotina, quanto nas atualizações de saúde e de logística. Uma vez estabelecida a comunicação clara e objetiva, ela fortalece o vínculo entre escola, família e alunos, o que gera engajamento. Uma comunicação bem-feita supera crise e gera parcerias efetivas, afetivas e duradouras.
Quatro pilares são essenciais para a comunicação eficiente nas escolas.
1 – Definir o canal de comunicação oficial com cada stakeholder a fim de evitar ruídos, fake news e para que a mensagem seja recebida pelo receptor de forma clara e efetiva.
2 – Escolher fontes confiáveis de informação para não gerar desinformação. Usar notícias e boletins de órgãos oficiais ou de sites confiáveis. É importante sempre revisar e checar com cautela cada comunicado antes de enviá-lo às famílias.
3 – Comunicar com frequência. A periodicidade da comunicação fortalece os vínculos entre escola e família. Os canais precisam funcionar de forma contínua e dinâmica, tanto com informativos, como com respostas e esclarecimentos. Ter rotina de comunicação torna a comunicação eficiente.
4 – Monitorar os anseios e as principais dúvidas da comunidade escolar permite à instituição atuar de forma preventiva e personalizada. Segmentar a informação por turmas ou por área de interesse é uma possibilidade, já que assuntos do segmento da Educação Infantil, por exemplo, diferem de outros segmentos, como o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.
Além do profissionalismo, que deve ser assumido pela gestão em sua comunicação, vale mencionar a importância da empatia, pois a escola é catalisadora de angústias das famílias, dos estudantes e colaboradores, diante do cenário incerto de pandemia e da vacinação lenta da sociedade brasileira.
É necessário propiciar um canal de escuta ativa. Para isso, estabelecer um meio que possibilite o diálogo, com momentos de troca: fala e escuta. Movimentos que estimulem e incentivem os responsáveis a se engajar na orientação dada ao filho, seja com esclarecimentos detalhados sobre as aulas, seja com encaminhamentos e posturas adotadas pela escola. A comunicação prévia com justificativas de posicionamentos adotados auxilia e evita ruídos e questionamentos.
A mesma comunicação deve ser ampliada e aplicada não só na relação institucional, mas também na área pedagógica praticada pelo professor, para que as famílias possam auxiliar os filhos que estão na modalidade remota de aprendizagem. Essa postura visa à sensibilização dos pais para a importância do desenvolvimento contínuo dos filhos no protagonismo da construção de conhecimentos.
No exercício da liderança educacional, a comunicação precisa assumir, também, o papel de protagonista. Tempos desafiadores como os atuais exigem mais cuidado sobre o “que” e “como” se comunica. A mensagem e a forma como a emitimos fazem parte da nossa identidade, da nossa alma. Que nossa “alma” seja leve, fluida, acessível e promova o engajamento de toda a comunidade educativa.