Cofundador da HSM, empresa líder em educação executiva, José Salibi Neto conviveu e trabalhou por mais de duas décadas com os principais pensadores da gestão mundial, incluindo Peter Drucker, Jack Welch, Michael Porter, Philip Kotler, Tom Peters e Jim Collins, e com líderes mundiais como Bill Clinton, Al Gore e Tony Blair.
Autor dos best-sellers Movidos por ideias e Gestão do amanhã, graduou-se pela Moore School of Business, da Universidade da Carolina do Sul (EUA), e obteve o MBA em International Business pela mesma instituição. Aos 59 anos de idade, Salibi deixou a gestão da tradicional HSM para enfrentar novos desafios à frente da G2S, ao lado do empresário e também autor do livro Gestão do amanhã, Sandro Magaldi. A nova empresa tem como propósito ser advisor de organizações que precisam entender os rumos para passar pela transformação digital.
O momento dessa mudança na vida do empresário não poderia ser mais oportuno. Hoje, as empresas tradicionais coabitam com startups, fintechs e outras, que trazem um modelo de inovações e rupturas. Essa nova era é conhecida como a 4ª Revolução Industrial, a mais abrangente, profunda e ampla da história. E, com essas mudanças, o modelo de gestão também precisa mudar.
Em conversa por e-mail, Salibi conta um pouco de sua experiência na área educacional, fala sobre como encarar esse novo cenário e deixa várias reflexões (e algumas provocações) para gestores e educadores.
Em seu novo livro, Gestão do amanhã, você fala em vencer a 4ª Revolução Industrial. Como isso atinge as empresas em geral e, principalmente, as da área da educação?
A 4ª Revolução Industrial já chegou e afeta a todos os setores. Muitas pessoas não se deram conta disso e nem entendem o cenário em que estamos vivendo. O mundo da educação é um deles. Ficou parado no tempo e ensina os jovens a competir em um mundo que não existe mais. Os cursos e ementas continuam os mesmos . É necessário ensinar outras habilidades nas escolas. Programar, por exemplo.
Diante de tal revolução, os gestores precisam se reinventar. O prazo de validade e a relevância das empresas estão muito mais curtos agora?
Com certeza. A Lei de Moore mudou tudo (surgiu em 1965, por meio de um conceito estabelecido por Gordon Moore. Tal lei diz que o poder de processamento dos computadores – entenda computadores como a informática em geral, não os computadores domésticos – dobraria a cada 18 meses). Por isso o mundo ficou cada vez mais rápido e vai continuar ficando, de acordo com a lei, e as organizações e profissionais que não se reinventarem ficarão pelo caminho.
Hoje, as empresas que estão em alta, contando seus cases de sucesso para inspirar outros empresários são as do Vale do Silício, as startups, as fintechs. Elas trazem um frescor de ideias, mas não existe mais aquela longa e tradicional trajetória a ser contada. Como você vê esse novo cenário dos negócios?
Imagine que mais da metade das maiores empresas do mundo, de acordo com a revista Fortune 500, no ano 2000, não existem mais. Esse é um fato que não pode ser ignorado, e é o que tenta trazer o nosso livro Gestão do amanhã, com possibilidades de soluções concretas. As empresas que não tiverem a inovação e o aprendizado constante na sua cultura ficarão pelo caminho. Não é mais possível competir reduzindo despesas.
De que forma essa revolução vai se refletir na sala de aula, que é a fonte em que sempre buscamos o conhecimento? Como o professor deve agir diante de alunos da era digital?
Boa parte dos professores, como nós conhecemos, ficou obsoleta. Não conseguiram acompanhar a velocidade das mudanças e continuam a ensinar as mesmas coisas de sempre. Para mudar uma instituição, é importante mudar os professores. Eles terão que estudar mais tecnologia, atuar mais no mercado, ter mais empresas dentro das escolas. Não dá mais para se isolar.
No atual cenário da educação privada brasileira, vemos os grandes grupos adquirindo escolas menores, alegando a busca pela maior profissionalização. Você foi cofundador da HSM e seus vários braços; como enxerga esse movimento?
Esses grupos deveriam estar mais preocupados em desenvolver novas metodologias, novas tecnologias, aprender o que estão fazendo escolas como a Minerva, Hyper Island e Singularity University, por exemplo, ao invés de querer ganhar escala com o que já está ultrapassado.
Após deixar a gestão da HSM, você está à frente de uma nova empresa, aos 59 anos de idade. Sempre é tempo de mudar e de inovar?
Sempre. Afinal, vamos viver cada dia mais. Apesar do sucesso em uma empresa, tive a humildade de aprender o que não sabia e começar novamente. Hoje sou palestrante, consultor de empresas e carreiras e autor de livros e artigos. Vivo em Beta sempre e fico tentando me reinventar o tempo todo.