O cenário educacional brasileiro está passando por uma acelerada transformação, fato similar ao advento da revolução digital, que traz a importância de estabelecer novas configurações de trabalho, especialmente no modus operandi de se fazer educação.
Assunto fortemente discutido na atualidade, a inovação na educação ainda carrega muitas dúvidas e questionamentos, bem como receios e inseguranças por parte dos profissionais. Por onde começar? Como fazer? Como planejar? Qual o papel do professor e do aluno? Esses são exemplos de dúvidas que surgem no dia a dia dos educadores brasileiros.
Estabelecer a prática educacional com base em um modelo de ensino horizontal é pensar em alunos e professores de forma igualitária. Nessa perspectiva, alunos e professores assumem conjuntamente o protagonismo no processo de construção do conhecimento. Assim nasce um modelo de aprendizagem ativo.
Considerando a construção de uma sociedade pensante e com a necessidade de acompanhar a geração atual, é preciso que o professor lance um novo olhar para a inovação. A tecnologia pode ser uma grande aliada se bem trabalhada, e por isso é importante ter em mente que o tema inovação não se refere somente ao desenvolvimento de inovações tecnológicas. Daí, deve-se pensar no significado da palavra inovar, que se origina do latim innovare e significa renovar, mudar, criar.
Dessa forma, a possibilidade de inovação no ambiente educacional já começa a ser constituída ao renovar e criar novas possibilidades de conhecimento. Como exemplo, pode-se citar alguns formatos de ensino que se integram e que estão sendo muito estudados na atualidade: ensino focado em serviços e baseado em problemas e projetos. Esses formatos propiciam ao aluno, por meio de um tema central e de seu conhecimento prévio, a assimilação do conteúdo abordado com sua vivência. Desenvolve no aluno o senso crítico, a busca pela informação, a socialização, a inquietação, e instiga a criatividade, a persistência e o uso de múltiplos recursos.
O pensamento de Paulo Freire e de Vygotsky se assemelham muito no que diz respeito à construção do homem, mediado pela sua história. Vygotsky, como Freire, considera que é na interação, na forma de estabelecer relações sociais que os sujeitos se formam e, assim, geram conhecimento – o chamado interacionismo. Primeiro o sujeito estabelece relação com o outro para, posteriormente, reconhecer a si mesmo.
Outro formato muitas vezes subestimado é o uso de jogos de tabuleiro, jogos digitais, mas principalmente de ambientes lúdicos. Quando o termo ludicidade é citado, muitas vezes é ignorado por educadores que não trabalham com educação de crianças, acreditando ser muito infantil para o segmento em que atuam, quando, na verdade, é um dos maiores aliados do desenvolvimento do aluno.
A ludicidade proporciona ao professor o ensinar e ao aluno o aprender com diversão, seja por meio de jogos, seja por músicas, dinâmicas, brincadeiras, dança, teatro, entre outros. Todos promovem a criatividade, a interação entre os indivíduos e a aprendizagem de forma entusiástica. Ao promover e trabalhar com as atividades de forma lúdica, além do trabalho sensorial, o educador proporciona ao educando a formação de conceitos, ideias, o estabelecimento de relações lógicas e inquietações, e também coloca em evidência a socialização dos educandos.
De maneira complementar, destaca-se a relevância de aliar o resultado das práticas pedagógicas a uma gestão eficiente e eficaz. Em vista disso, é necessário identificar que, aliado ao processo de inovação, é necessário ter atenção a outras pessoas que também são imprescindíveis para o sucesso escolar: os gestores. Mesmo atuando na área pedagógica, o gestor deve entender que a instituição de ensino, antes de atuar com educação, é uma empresa. Como empresa, deve-se pensar em como a “não inovação” na educação pode afetar o seu crescimento.
Ignorando a transformação que acontece, a “não inovação” pode acarretar problemas e prejuízos para a instituição de ensino, dentre elas a evasão. Para evitar isso, é importante a ação preventiva do gestor, criando estratégias para a motivação em busca da inovação no âmbito escolar. O gestor que atua como líder deve primeiramente reconhecer possíveis problemas, fazer sua análise, definir as soluções, selecionar a melhor alternativa, implementar, acompanhar e avaliar os resultados. Esse processo precisa ser desenvolvido em parceria com o professor.
Deve-se salientar o entusiasmo em seus liderados, desenvolvendo a capacidade de trabalhar com prazer e determinação, auxiliando para que cheguem ao caminho certo para o sucesso. A estratégia deve ser pensada e executada em equipe, que necessita ser capacitada, pois equipe capacitada é grande aliada ao sucesso da sua instituição de ensino enquanto empresa e formadora de críticos.